sexta-feira, 13 de junho de 2008

Guerra do Vietnã

Queimados pelo Napalm300 toneladas de bombas para cada cidadão do Vietnã
Bombas e artefatos incendiários, essa foi à realidade do Vietnã do Norte durante as décadas de 1960 e 1970. A guerra travada entre o sul e o norte desse longínquo país asiático foi uma das principais notícias mundiais do período, pois colocava em campos opostos as ideologias capitalista e socialista. Era a força dos norte-americanos a favor dos sul-coreanos enquanto os soviéticos, sem se envolverem diretamente no conflito, davam suporte e condições para a reação norte-coreana.
Guerra que marca o maior revés norte-americano em conflitos bélicos desde a independência desse país, o conflito no Vietnã não acarretou prejuízos apenas para os Estados Unidos. Os maiores sofredores foram os próprios vietnamitas (especialmente os norte-vietnamitas), submetidos a supremacia tecnológica e material dos americanos, sofreram com os constantes ataques desferidos pelos bombardeiros B-52 que despejaram imensas quantidades de explosivos sobre todo o seu território.
Para se ter uma idéia do poder de destruição desses armamentos, basta lembrar que a quantidade de bombas lançadas sobre o Vietnã supera em três vezes o montante de explosivos utilizados na 2ª Guerra Mundial.
Além disso, calculam os especialistas nesse conflito, que para cada habitante do Vietnã foram lançados no território do país o equivalente a 300 toneladas de material explosivo (mesmo levando-se em conta as populações civis, que não participavam diretamente da guerra, inclusive as mulheres, os idosos e as crianças). Um verdadeiro massacre!
O mais conhecido recurso utilizado pelas tropas norte-americanas contra seus oponentes vietcongues (como eram chamados os norte-vietnamitas pelos soldados do Tio Sam) foi uma arma química conhecida como Napalm. Era uma mistura de petróleo com reagentes químicos que tinha o formato de um gel grudento que ficava retido na pele daqueles que fossem atingidos pelo mesmo.
Entre os produtos químicos que faziam parte da composição do Napalm estava o phosphorus branco que provocava a reação de queimaduras terríveis. Os efeitos eram prolongados e há relatos de que mais da metade das vítimas atingidas por essa poderosa combinação destrutiva tinham queimaduras de 5º grau (que atingiam os músculos e até mesmo os ossos). As dores e a intensidade da corrosão causada ao organismo pelo Napalm provocava muitas mortes.
Outro armamento despejado dos aviões norte-americanos eram as bombas ‘abacaxi’. Consistiam em um pequeno invólucro metálico que tinha ao seu redor cerca de 250 pinos ou grânulos. Em cada ataque eram jogados alguns milhares de ‘abacaxis’ sobre áreas inimigas para atingir tudo aquilo que estivesse nas proximidades onde caíssem essas armas. Uma vez atingidos os alvos, essa massa metálica com pinos ou grânulos se alojava nos corpos dos inimigos e os lesionava de forma definitiva ou acabava matando muitos deles.
Há relatos de outros recursos assemelhados as bombas ‘abacaxi’ feitas com material plástico. Aparentemente menos danosas ao organismo, na realidade provocavam o mesmo impacto, adentrando a pele dos atingidos, inutilizando alguns de seus membros, danificando certos órgãos vitais, aleijando muitos soldados do oponente. De acordo com alguns analistas, ao utilizar tais tipos de armas lançadas de seus grandes bombardeiros, os norte-americanos queriam provocar um prejuízo ainda maior em seus inimigos do que aquele causado por um grande número de baixas militares ou civis.Calculavam os articuladores dos ataques ianques que as pessoas feridas, mutiladas e incapacitadas de trabalhar acabariam se tornando custos permanentes para os governos norte-coreanos e não seriam capazes de reverter qualquer lucro para o sistema socialista que se pretendia implantar naquele país.
O maior dos inimigos enfrentados pelos soldados norte-americanos na Guerra do Vietnã era, no entanto, praticamente invisível aos olhos de seus pelotões. Protegidos pelo grande conhecimento que tinham das florestas de seu país, os vietcongues armavam ataques surpreendentes e suicidas e, dessa forma, conseguiam aniquilar muitos de seus opositores (atuavam dentro da tática de guerrilhas).
A resposta encontrada para lidar com tal problema foi a utilização de uma gigantesca quantidade de armas químicas e biológicas contra o Vietnã. Foram lançados contra aquele país aproximadamente 72 milhões de litros de produtos químicos (dos quais 66% era o temível ‘agente laranja’).
Para resolver esse problema foi aprovada pelo governo norte-americano a operação Ranch Hand. O referendo das autoridades permitia que as forças armadas norte-americanas lançassem sobre as florestas do Vietnã do Norte um produto químico conhecido como ‘Agente Laranja’. O objetivo principal era atingir os rebeldes da Frente de Libertação Nacional e para isso, o ‘agente laranja’ foi lançado sobre uma área de mais de um milhão de hectares. Esse produto corrói as folhas, queimando-as e destruindo-as para que a cobertura vegetal não pudesse ser utilizada como esconderijo para as tropas da Frente de Libertação. O problema é que esse produto não apenas causa um considerável desastre ambiental como também, impregnado ao corpo de seres humanos provoca prejuízos genéticos.
Outra forma de combate utilizada pelos oponentes dos vietcongues foi a destruição de mais de 650 mil acres de terra cultivada entre os anos de 1962 e 1969. Para tal ação os americanos utilizaram o ‘agente azul’. Essa tática de guerra tinha como objetivo primordial literalmente ‘matar de fome’ os representantes das forças rebeldes e opositoras a presença do contingente militar dos Estados Unidos naquele país.
Mesmo quando as notícias relativas ao uso de armas químicas foram divulgadas publicamente, os norte-americanos trataram de se defender afirmando que produtos como o ‘agente laranja’ ou o ‘agente azul’ não causavam danos as pessoas, somente ao meio-ambiente.
Essas afirmações das autoridades norte-americanas foram frontalmente combatidas pela comunidade científica internacional, inclusive por mais de 5 mil cientistas dos Estados Unidos e 17 vencedores do prêmio Nobel. Todos eles assinaram petições contra a utilização de armas químicas e biológicas na Guerra do Vietnã. Isso só deixou de acontecer em 1974, praticamente no apagar das luzes daquele sangrento conflito.
As conseqüências relacionadas a utilização desses produtos na guerra contra os vietcongues atingiu também os soldados norte-americanos. Muitos deles vieram a ter filhos com sérios problemas de pele ou ainda com a Síndrome de Down, situações comprovadamente causadas pelo contato de seus pais com produtos como o ‘napalm’, o ‘agente azul’ ou o ‘agente laranja’.
Os fabricantes desses produtos para a guerra foram posteriormente processados pelos próprios soldados americanos afetados em sua saúde pelo contato direto e pela proximidade com esses tóxicos. Isso rendeu aos veteranos da guerra indenizações que chegaram a um montante final de 180 milhões de dólares.
Além disso, a natureza do Vietnã sofreu revezes que continuam a afetar a vida econômica do país até os dias de hoje. Todos aqueles produtos químicos despejados sobre o país infectaram o solo e também os lençóis freáticos. A produção de alimentos, a sobrevivência de uma grande quantidade de espécies animais e vegetais e a própria manutenção da sociedade vietnamita se tornaram tarefas muito árduas e, em determinadas regiões, praticamente impossível durante muitos anos. Gerações posteriores de cidadãos do Vietnã do Norte continuam tendo problemas diretamente ligados à ingestão de gases ou líquidos provenientes das bombas americanas...

Nenhum comentário: